Quinta-feira, 22 de Fevereiro de 2007
Boas! Chamo-me Joaquim. Os meus amigos tratam-me por Quim. Como qualquer bom pai de família, sou benfiquista, pelo menos foi essa a educação que me deram e que faço questão de transmitir aos meus pequenos.
Sou casado com a Rosa, cozinheira de mão cheia que apenas peca por me chatear demasiado a cabeça. Ora chora por isto, ora reclama por aquilo. Se não é por ter deixado os sapatos no meio da sala, é por estar a comer sem um prato por baixo.
Temos três feras. Os mais velhos passam o dia em casa a destruir tudo o que de novo se compra. Dou graças a Deus por trabalhar, já que certamente daria em louco se os tivesse de aturar o dia todo. Quanto à miúda, ainda agora está a descobrir o que é viver lá em casa. Apesar disso, com os seus cinco anos já percebeu como nos chatear à semelhança dos seus irmãos.
Gosto de me reunir com os meus parceiros no tasco do bairro. Ao menos tenho uma desculpa para não estar em casa a ser constantemente chateado pela Rosa e as criaturazinhas.
Só quero paz e sossego, será pedir muito depois de um dia de trabalho?!
música: Catastrophe and the cure - Explosions in the sky
sinto-me: a sufocar
O meu nome é Rosa. Sou uma dona de casa, frágil, dependente, mãe de três filhos, atenciosa, paciente, sempre de acordo com os desejos do meu querido marido (mesmo aqueles mais inacreditáveis). Só quero amor, atenção e carinho. É pedir muito?
Vivo o dia-a-dia de qualquer dona de casa, confinada ao mesmo espaço todos os dias, a limpar panelas, coser meias. Os putos dão-me cabo da cabeça, são as maiores pestes. Sujam tudo, berram, partem coisas. Um verdadeiro inferno!!!
E depois à noite chega o Joaquim. Devia ser o homem que eu esperei em pequena, mas limita-se a sujar mais que as crianças.
"Rosa, traz-me os tremoços e uma jola fresquinha, RÁÁÁÁPIDO!!", parece que já o oiço da sua poltrona malcheirosa e rota, em frente à T.V. muito concentrado com o seu glorioso.
Gloriosa esta minha vida, não é?
sinto-me: personificada
música: the used - on my own.