O meu pai mostrou-se tão receptivo à nossa relação que permitiu, em grande parte convencido pela minha mãe, que o Joaquim dormisse lá em casa quando eles não estavam. Garantia assim a minha segurança, mas para a época e, tendo em conta, a mentalidade retrógrada do meu pai, este era, sem dúvida, um grande passo. Claro que esta cedência do meu pai, facilitou em muito que eu e o Joaquim tivéssemos o nosso momento especial, há muito aguardado por ambos. Guardo essa noite como a mais especial, não a melhor, certamente. Entregámo-nos um ao outro de uma forma quase solene, unindo corpos, corações e almas, num abraço que parecia não ter fim. Um abraço tão desprovido de qualquer dúvida, insegurança ou mesmo pudor. Aos seus olhos sentia-me perfeita, sentia-me tão sua. Ao acordar, sendo ele a primeira imagem a recordar naquele dia, senti-me, subitamente, tão completa como nunca antes havia sentido.
Os meses foram passando e chegámos ao dia da comemoração do nosso primeiro ano de namoro. Estavamos tão unidos, fortalecidos, como se nos tratassemos de uma grande fortificação que havia sido solidamente construída desde as suas fundações. O Joaquim levou-me a passear até Sintra, uma estreia para ambos. E eis que, ao levar-me a um dos pontos mais altos da Serra, se ajoelhou aos meus pés e, segurando a minha mão, pediu-me que o desposasse. Tais palavras proferidas, tendo como pano de fundo toda aquela beleza, foram tão inesperadas que despertaram em mim tal pranto de felicidade. Por entre soluços e lágrimas, respondi-lhe um convicto SIM. Abraçámo-nos, chorando ambos, pois sabiamos estar preparados para aquele momento e já o esperávamos com tanta ansiedade.
Foi algo tão intenso que ainda hoje, ao lembrar, tenho sempre os olhos cobertos de água. Perdemos tanto de nós com o tempo.... Perdemo-nos tanto....
Ass: Rosa
. dia-a-dia de outras familias
. mulher à beira de um ataque de nervos
. pessoal do meu bairro, venham cá a baixo